O Milagre da Vinha- História de Almeirim (24)



A Vinhas plantadas no campo, foram um sucesso produtivo de grande significado. O sucesso das experiências do Visconde da Junqueira, na Alorna, levou todos os grandes proprietários, a seguir o seu exemplo.
A casta Fernão Pires passou a ser a heroína da produtividade vinícola nacional.
Em meados dos anos cinquenta do século XIX, já as vinhas tinham uma grande expansão no campo de Almeirim. Foi a partir de aqui que se expandiram para os restantes concelhos onde havia também campos de aluvião.
O Duque de Cadaval planta vinhas nas suas propriedades de Salvaterra e Benavente. O Duque de Palmela em Alpiarça e Chamusca. Ainda em Alpiarça, a família Sousa Falcão faz enormes plantações. O Barão de Almeirim leva a cultura para o Rossio da Ribeira de Santarém e Alcanhões. O Conde da Taipa, assume-se como grande vinicultor em Almeirim e planta a vinha nas terras de sua mulher, a Condessa de Valada, no aluvião da margem direita do Tejo, no Concelho do Cartaxo. Ainda o Conde da Atalaia, cuja sede de Casa Agrícola era a Quinta de Santa Marta, em Benfica, implanta aí a cultura e também nas terras que possuía no Concelho de Santarém e Cartaxo. O Conde de Sobral e o Conde da Torre também aderem à dinâmica e nas suas propriedades do Casal Branco e da Gouxaria instalam vinhas e adegas.
É assim a partir de Almeirim, que a vinha se expande e divulga por todo o Ribatejo. Esta nova actividade com elevado interesse económico vai originar decisões políticas de elevado interesse regional.
A influência dos nobres proprietários de Almeirim, associada ao seu interesse pela nova cultura que estava em franca expansão, pressiona a decisão de o Governo levar a cabo a grande obra de defesa e drenagem dos campos do vale do Tejo.
O Coronel Manuel José Júlio Guerra é nomeado como responsável pelo reconhecimento do terreno e como coordenador da obra e instala-se em Almeirim, em instalações cedidas pelo Conde da Taipa. É o este grupo do Coronel Júlio Guerra que faz o primeiro levantamento cartográfico de Almeirim e publica a primeira planta da Vila Real.
Com o início desta obra, a que normalmente chamamos, de uma forma redutora, “ a construção da Vala de Alpiarça”, chega a primeira grande onda de emigrantes, que para ela vieram trabalhar e em que a maioria se instala definitivamente em Almeirim. No entanto para que fique mas claro o interesse público dessa obra, é importante referir que foram recuperados algumas centenas de hectares de terras pantanosas, que foram realizados vários diques que ainda hoje defendem o campo dos aumentos de caudais do Tejo, que foi regularizado o leito do Tejo, do Alpiaçôlo (Vala de Alpiarça) e da Vala Real (Vale de Santarém), em que foram também construídas novas pontes e estradas. Foi uma obra de grande importância e envergadura que se prolongou por cerca de duas décadas, como se comprova pela data ainda visível (1876), colocada na ponte de Benfica do Ribatejo.
Mas esta dinâmica económica, também influenciada pelo interesse directo dos nobres proprietários, veio a ocasionar uma outra obra, que possibilitou toda a nova vocação de Almeirim e passou a ser determinante para o seu desenvolvimento económico e social.
Foi a decisão de realizar a primeira ponte viária sobre o Tejo, precisamente entre Santarém e Almeirim. Essa decisão está indiscutivelmente ligada ao reconhecimento politico na época de que a Vila Real de Almeirim, era agora a protagonista de uma dinâmica económica que havia que apoiar. Com a nova Ponte, D. Luís I, Almeirim ficava ligada directamente por via viária e rápida ao Caminho de Ferro, pois entretanto também a linha do Norte tinha sido construída.
Almeirim estava agora ligada ao mercado de todo o território, estava eliminado todo o seu isolamento, precisamente quando encontrou a sua nova vocação. Todas as portas para o seu desnvolvimento tinham sido abertas.

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